quarta-feira, 17 de setembro de 2014

Literacia versus Alfabetização

A palavra  "Literacia" tem vindo a ser utilizada para concetualizar um novo conceito acerca das capacidades de leitura e de escrita. Pretende distinguir-se de alfabetização por não ter em conta o grau de escolaridade a que esta, tradicionalmente, estava ligada.
Se o conceito de alfabetização traduz o acto de ensinar e de aprender, um novo conceito, a literacia, traduz a capacidade de usar as competências(ensinadas e aprendidas) de leitura, de escrita e de cálculo. Esta capacidade escapa, assim, a categorizações dicotómicas, como “analfabeto” e “alfabetizado”.
Pretende-se com este novo conceito estabelecer a posição de cada pessoa num processo contínuo de competências que passa, também, pelas exigências sociais, profissionais e pessoais com que cada um se confronta na sua vida corrente.


Na Literacia não se trata de saber o que é que as pessoas aprenderam ou não, mas sim de saber o que é que, em situações da vida, as pessoas são capazes de usar. A literacia aparece, assim, definida como a capacidade de processamento da informação escrita na vida quotidiana.

A literacia no dia-a-dia
Literacia faz parte, de forma longamente sedimentada e profundamente estruturadora, de um universo sociocultural em que, cada vez mais, todos estamos actualmente inseridos, mesmo os que têm capacidades muito reduzidas de ler, escrever e contar.

A Literacia, como capacidade de aprender e interpretar a realidade, condiciona todo o nosso dia-a-dia. Mas esta, é por sua vez condicionada pelos nossos conhecimentos valores e comportamentos vividos na nossa sociedade e, antes de mais, pelo sistema de ensino. Importa conhecer o mundo em que vivemos e compreender a sua lógica de mudança.
Para conseguir viver nas sociedades contemporâneas e perceber os seus complexos mecanismos de funcionamento é necessário gerir uma gama variada de informações que nos chegam de várias formas.


Condição de cidadania
A Literacia é uma capacidade que está ao alcance do ser humano. Quanto menos capacidades as pessoas têm, menos autónomas são e mais problemas sentem para assumir a cidadania plena.
Sendo a Literacia uma condição de cidadania, então, discutir, analisar, aprofundar a ideia de literacia é o mesmo que debater as condições em que queremos viver juntos, em sociedades abertas de múltiplas culturas. A noção de cidadania vem, uma vez mais, reforçar a importância da literacia nos tempos correntes.



Preencher um cheque; entender uma prescrição médica; saber consultar um horário de autocarro; pedir correctamente uma informação por forma a ficar esclarecido; tratar do IRS; saber calcular uma taxa de juro; procurar emprego através do anúncio de jornal, entre tantos outros são pequenos grandes requisitos na vida de cada cidadão. Coisas simples, determinam a nossa independência, a nossa autonomia. O domínio dessas “coisas simples” requer literacia.

A Literacia é o abrir de caminho para se dispor das condições de cidadania plena, de capacidade para escolher o que se quer ser e fazer na vida, de participar nas comunidades e aprender pela vida fora.

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