Se o conceito de alfabetização traduz o acto de ensinar e de aprender, um novo conceito, a literacia, traduz a capacidade de usar as competências(ensinadas e aprendidas) de leitura, de escrita e de cálculo. Esta capacidade escapa, assim, a categorizações dicotómicas, como “analfabeto” e “alfabetizado”.
Pretende-se com este novo conceito
estabelecer a posição de cada pessoa num processo contínuo de competências
que passa, também, pelas exigências sociais, profissionais e pessoais com que
cada um se confronta na sua vida corrente.
Na Literacia não se trata de saber o que é que as pessoas
aprenderam ou não, mas sim de saber o que é que, em situações da vida, as
pessoas são capazes de usar. A literacia aparece, assim, definida como a
capacidade de processamento da informação escrita na vida quotidiana.
A literacia no dia-a-dia
A Literacia
faz parte, de forma longamente sedimentada e profundamente estruturadora, de um
universo sociocultural em que, cada vez mais, todos estamos actualmente
inseridos, mesmo os que têm capacidades muito reduzidas de ler, escrever e
contar.
A Literacia, como capacidade de
aprender e interpretar a realidade, condiciona todo o nosso dia-a-dia. Mas esta,
é por sua vez condicionada pelos nossos conhecimentos valores e comportamentos
vividos na nossa sociedade e, antes de mais, pelo sistema de ensino. Importa conhecer
o mundo em que vivemos e compreender a sua lógica de mudança.
Para conseguir viver nas sociedades
contemporâneas e perceber os seus complexos mecanismos de funcionamento é
necessário gerir uma gama variada de informações que nos chegam de várias
formas.
Condição de cidadania
A Literacia é uma capacidade que
está ao alcance do ser humano. Quanto menos capacidades as pessoas têm, menos
autónomas são e mais problemas sentem para assumir a cidadania plena.
Sendo a Literacia uma condição de
cidadania, então, discutir, analisar, aprofundar a ideia de literacia é o
mesmo que debater as condições em que queremos viver juntos, em sociedades
abertas de múltiplas culturas. A noção de cidadania vem, uma vez mais,
reforçar a importância da literacia nos tempos correntes.
Preencher um cheque; entender uma
prescrição médica; saber consultar um horário de autocarro; pedir
correctamente uma informação por forma a ficar esclarecido; tratar do IRS;
saber calcular uma taxa de juro; procurar emprego através do anúncio de
jornal, entre tantos outros são pequenos grandes requisitos na vida de cada
cidadão. Coisas simples, determinam a nossa independência,
a nossa autonomia. O domínio dessas “coisas simples” requer literacia.
A Literacia é o abrir de
caminho para se dispor das condições de cidadania plena, de capacidade para
escolher o que se quer ser e fazer na vida, de participar nas comunidades e
aprender pela vida fora.
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