domingo, 1 de março de 2015

O Poder do " Não "

As crianças precisam de regras e limites para se sentirem seguras e crescerem saudáveis. Saber dizer “não” nem sempre é fácil e chega a ser extenuante, mas é essencial. Na medida e na hora certa.
Os pais querem o melhor para os seus filhos e desejam, acima de tudo, que sejam felizes. Por vezes, este desejo tão natural choca com a necessidade de lhes dizerem que não. Para alguns pais, esta é uma das facetas da parentalidade mais difíceis de gerir, e muitos têm dificuldade em assumi-la com assertividade, coerência e eficácia. Mas dizer que não, tal como dizer que sim, faz parte da função primordial dos pais, por mais que possa parecer doloroso ou até desnecessário. 
" O ‘não’ é como o sal da cozinha: nem de mais, nem de menos”, defende o psicólogo Eduardo Sá, alertando que o perigo, à conta do receio dos pais, “é estarmos a criar crianças insonsas”. E isto é “dramático”. Porque “pais bonzinhos são um bocadinho inimigos de crianças saudáveis, por mais que o façam com toda a boa-fé do mundo”. O “não” é o que torna as crianças num “motor de alta cilindrada, com uma caxa de velocidades à medida, que lhes permite ir dos zero aos 100 num instante”. 

Saber dizer não, é “uma das maiores competências que os pais devem ter, tal como o saber dizer sim”, acrescenta o psicólogo Rui Brasil. Esta dicotomia “é um dos fatores mais estruturantes da personalidade da criança, nomeadamente ao nível de comportamento, tal como o bem e o mal, estão para os valores éticos, e o quente e o frio para os sentidos. Estas permitem que cada um de nós aprenda a autorregular-se, a posicionar-se perante uma situação ou a fazer uma escolha”, explica.

O problema é que, quando se trata de colocar limites, muitas famílias sentem-se desorientadas e não é raro ouvirmos mães e pais a reclamarem das exigências dos seus “pequenos ditadores”. Na verdade, estas dificuldades parentais parecem ser resultado da profunda alteração geracional no que toca à colocação de limites e regras às crianças. Na geração dos nossos avós, a educação dos filhos era feita na vertical, sem que houvesse lugar a que os filhos questionassem a autoridade dos pais. A geração seguinte, cansada de autoritarismo, optou pelo extremo oposto, tornando-se por vezes demasiado permissiva. Pais e filhos passaram a ocupar o mesmo patamar de igualdade. Porém, o que as crianças precisam mesmo é de pais que cumpram a sua função, sem confundir autoridade com autoritarismo.

Sem comentários:

Enviar um comentário