Texto de
Gabriel Leite Mota
Penso mesmo
que o défice educacional dos portugueses é a maior pecha do país. E é
essa a principal razão que explica a dificuldade que temos tido em
recuperar do nosso atraso no desenvolvimento face aos países mais avançados.
Portugal é
um país que, fruto de ter vivido em ditadura até tarde demais, tinha, nos anos
setenta do século passado, um dos mais vergonhosos níveis de alfabetização do
mundo ocidental. Só depois da implantação da democracia, e da consequente
massificação do ensino, é que Portugal começou a encetar um processo de
recuperação do atraso educacional da sua população.
Hoje, já
estamos melhor. Mas ainda nos falta um longo caminho. Continuamos com taxas de
escolarização das mais baixas da OCDE, e isso tem implicações profundas na
nossa condição social, económica e política.
Penso mesmo
que o défice educacional dos portugueses é a maior pecha do país. E é
essa a principal razão que explica a dificuldade que temos tido em
recuperar do nosso atraso no desenvolvimento face aos países mais
avançados.
É que
cidadãos pouco escolarizados têm pouca eficiência produtiva, têm
pouca exigência cívica e têm dificuldades em fazer escolhas políticas
mais esclarecidas. E tendem a desvalorizar a ciência e o ensino,
considerando-as actividades supérfluas.
Apesar dos
níveis de instrução que a nossa população mais jovem já
apresenta (com percentagens de licenciados próximas das de alguns países
ocidentais), ainda se nota um grave défice ao nível da Literacia. É que
Literacia é diferente de alfabetismo. Não basta saber ler as palavras ou
escrevê-las. É preciso compreender o conteúdo de um texto e saber exprimir um
pensamento. E nisso, há uma carência confrangedora.
As caixas de
comentários na internet são uma amostra triste, mas real, da iliteracia que
ainda grassa na população portuguesa, mesmo nas camadas jovens. Vejo muita
gente a comentar textos só por um título ou um parágrafo (o que é completamente
descabido) ou, quando conseguem concentrar-se e ler um texto de uma página do
princípio ao fim, os comentários que fazem, demonstram que não perceberam nada
do que está escrito. Normalmente, esses que nada entenderam também não se
conseguem expressar nos seus comentários: escrevem num português incorrecto
(tanto na ortografia com na sintaxe) e mostram uma confusão assustador no
raciocínio.
Lembro-me
bem das aulas de português, no secundário, em que nos era pedido para
interpretarmos textos nos testes. Lembro-me, também, que o nível de dificuldade
desses testes não era elevado, mas, apesar disso, as notas, em média, não eram
boas. Não gabo a sorte dos professores de português que corrigem esses testes e
que têm como função promover a Literacia, mesmo daqueles que acham que não
precisam de aprender…
Eu só tenho
experiência lectiva no ensino superior. E, mesmo nesse ambiente, e
sempre em boas universidades, já me deparei com textos muito mal escritos de
pessoas a quem, claramente, lhes faltam competências de Literacia.
A longa
viagem da Literacia demora muito tempo. É preciso que as gerações se
sucedam para que a escola seja cada vez mais valorizada e para que, também em
casa, os alunos tenham quem lhes promova a Literacia. Até lá, as caixas de
comentários da Internet vão continuar poluídas por quem pouco entende e muito
mal fala e escreve.
Texto de
Gabriel Leite Mota
Penso mesmo
que o défice educacional dos portugueses é a maior pecha do país. E é
essa a principal razão que explica a dificuldade que temos tido em
recuperar do nosso atraso no desenvolvimento face aos países mais avançados.
Portugal é
um país que, fruto de ter vivido em ditadura até tarde demais, tinha, nos anos
setenta do século passado, um dos mais vergonhosos níveis de alfabetização do
mundo ocidental. Só depois da implantação da democracia, e da consequente
massificação do ensino, é que Portugal começou a encetar um processo de
recuperação do atraso educacional da sua população.
Hoje, já
estamos melhor. Mas ainda nos falta um longo caminho. Continuamos com taxas de
escolarização das mais baixas da OCDE, e isso tem implicações profundas na
nossa condição social, económica e política.
Penso mesmo que o défice educacional dos portugueses é a maior pecha do país. E é essa a principal razão que explica a dificuldade que temos tido em recuperar do nosso atraso no desenvolvimento face aos países mais avançados.
Penso mesmo que o défice educacional dos portugueses é a maior pecha do país. E é essa a principal razão que explica a dificuldade que temos tido em recuperar do nosso atraso no desenvolvimento face aos países mais avançados.
É que
cidadãos pouco escolarizados têm pouca eficiência produtiva, têm
pouca exigência cívica e têm dificuldades em fazer escolhas políticas
mais esclarecidas. E tendem a desvalorizar a ciência e o ensino,
considerando-as actividades supérfluas.
Apesar dos
níveis de instrução que a nossa população mais jovem já
apresenta (com percentagens de licenciados próximas das de alguns países
ocidentais), ainda se nota um grave défice ao nível da Literacia. É que
Literacia é diferente de alfabetismo. Não basta saber ler as palavras ou
escrevê-las. É preciso compreender o conteúdo de um texto e saber exprimir um
pensamento. E nisso, há uma carência confrangedora.
As caixas de
comentários na internet são uma amostra triste, mas real, da iliteracia que
ainda grassa na população portuguesa, mesmo nas camadas jovens. Vejo muita
gente a comentar textos só por um título ou um parágrafo (o que é completamente
descabido) ou, quando conseguem concentrar-se e ler um texto de uma página do
princípio ao fim, os comentários que fazem, demonstram que não perceberam nada
do que está escrito. Normalmente, esses que nada entenderam também não se
conseguem expressar nos seus comentários: escrevem num português incorrecto
(tanto na ortografia com na sintaxe) e mostram uma confusão assustador no
raciocínio.
Lembro-me
bem das aulas de português, no secundário, em que nos era pedido para
interpretarmos textos nos testes. Lembro-me, também, que o nível de dificuldade
desses testes não era elevado, mas, apesar disso, as notas, em média, não eram
boas. Não gabo a sorte dos professores de português que corrigem esses testes e
que têm como função promover a Literacia, mesmo daqueles que acham que não
precisam de aprender…
Eu só tenho
experiência lectiva no ensino superior. E, mesmo nesse ambiente, e
sempre em boas universidades, já me deparei com textos muito mal escritos de
pessoas a quem, claramente, lhes faltam competências de Literacia.
A longa
viagem da Literacia demora muito tempo. É preciso que as gerações se
sucedam para que a escola seja cada vez mais valorizada e para que, também em
casa, os alunos tenham quem lhes promova a Literacia. Até lá, as caixas de
comentários da Internet vão continuar poluídas por quem pouco entende e muito
mal fala e escreve.
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